terça-feira, 26 de abril de 2011

Tu



Tu que anseia por algo que virá,

te contorces de pressa pelo que ocorrerá,

faz do seu breve presente um futuro a esperar

não vês que o sol que se pôs hoje jamais há de voltar?


Tu que refestela na desgraça alheia

e sorri enquanto o mundo se rateia

tolo és por não ver que do vizinho, a centelha

perpassa o muro e tua amada casa incendeia


Tu que sonhas com amores vultuosos e apaixonantes,

que caças loucamente torpores e flores destoantes

amarra-se com afinco em sentimentos dissonantes

terás, no fim, o choro dos mais enganados amantes


Tu que deixas o vil ciúme lhe corar o rosto

e faz conjecturas de suspeitas ao que nunca é posto

Não vês que perdes o tempo e o mais fino gosto

do sorriso de teu amor, sincero e sem desgosto?


Tu que te irritas com procelas pequenas

Faz tempestades por brisas amenas

Verás um dia, depois das novenas

que sozinho estás, sem dós nem penas



soares


arte: Banksy

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