quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Ladainha




Caminha e reza baixinho
o silêncio nenhum anjo esquece
contido, leva o canto bem quietinho
nem sempre um Deus escuta a prece


(rezo)


Quantas vezes a blasfêmia tem imediato castigo
e a dor permanece sem mísera resposta
melhor é então na revelia ser atendido
do que em prantos fenecer à porta


(reza)


a reza no vazio ecoa
a prece no estio voa
o anjo lá de cima entoa
utopia nova, alegre e boa


(reze)



Ahh, mais vale é sorrir e viver
aí a prece tem outro sentido
melhor a reza-troça no sofrer
do que chorar sem ser ouvido



(rogai por vós)



....


soares

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Helios



Salve ao Sol e a Rá
astro rei, estrela de poucos
Solis de todos, igual não há
se põe aos normais, nasce pros loucos




De tuas lágrimas nascemos nós
filhos de teu calor sem par
servos dos teus mares e anzóis
sedentos de teu brilho alcançar




Apópis se enconde, só Tu prevalece
majestade de luz perenal
a Lua que brilha de Ti se traveste
amante alvo de calor letal


soares



Foto: Praia de Itacoatiara -- Uly Riber

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Bandeira de meus Dias



Vou-me embora pra Brasília
onde canta o sabiá
serei parte da família
que gorjeia como cá


Diferença, linda moça?
nem muito aqui nem menos lá
Pero Vaz estava certo
tal beleza igual não há


Mas se a máfia ficar mófia
Que se salve o retumbado
Diga, então, ao povo que fico
Pois amanhã é feriado


Vou-me embora de Brasília
que gorjeia como Fusca
e as palmeiras dos Palmares
o senhor do negro ofusca



Mas ainda que eu venha ruir
Direi: sou amigo do rei!
Verei toda porta se abrir
Morrerei se Deus permitir
Na cama que escolherei



Então cante sabiá
e desfrute dos primores
minha terra tem amores
onde geme o lá e o cá...



(...)

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Comédia Romântica


Bobina e rebobina

Esse amor de sacarina

Chora e ri, escorre e pinga

Jante à luz de parafina


No começo onde são flores

Regurgitam-se amores

Tem mais viço até as cores

Nos lençóis há mais torpores


Mas se o tempo tudo esfria

E com ele toda a serventia

Se acaba em nostalgia

Onde por a poesia?


(...)


Rebobina e bobina

A sacarina desse amor

Escorra e chore, tome pinga

Morra à luz desse terror


tela: Sleep Le Sommeil, Salvador Dali