quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Verve





quero o frescor da pimenta
a vida intensa, o verso visceral
quero o torpor da tormenta
a lida terna, a rima substancial


haverá quem não receia tremer

diante da verdade interior?
vejo os pacóvios tentando esconder
as facetas internas, salutar pavor


das praças conclamo todas as gentes

aos bailes onde só há faces lisas
onde máscaras no ostracismo, entrementes
fulgorosos pensamentos cativa


os de pensar óbvio e raso, deixo-os esperar

como também os de pronto a concluir
convidados estão, oh amantes do indagar
a perscrutar os segredos que hão de vir


no clangor tempestuoso da revelia

quero só os de voz nula
ouvidos atentos, escuta em maestria
quero lá só os de alma nua


mas se o desfrute da erudição

ao tolo parece sedutor
deixo-o regurgitar ante todos a satisfação
de quem crê ser das coisas entendedor



Soares