
Tu que anseia por algo que virá,
te contorces de pressa pelo que ocorrerá,
faz do seu breve presente um futuro a esperar
não vês que o sol que se pôs hoje jamais há de voltar?
Tu que refestela na desgraça alheia
e sorri enquanto o mundo se rateia
tolo és por não ver que do vizinho, a centelha
perpassa o muro e tua amada casa incendeia
Tu que sonhas com amores vultuosos e apaixonantes,
que caças loucamente torpores e flores destoantes
amarra-se com afinco em sentimentos dissonantes
terás, no fim, o choro dos mais enganados amantes
Tu que deixas o vil ciúme lhe corar o rosto
e faz conjecturas de suspeitas ao que nunca é posto
Não vês que perdes o tempo e o mais fino gosto
do sorriso de teu amor, sincero e sem desgosto?
Tu que te irritas com procelas pequenas
Faz tempestades por brisas amenas
Verás um dia, depois das novenas
que sozinho estás, sem dós nem penas
soares
arte: Banksy