
quero o frescor da pimenta
a vida intensa, o verso visceral
quero o torpor da tormenta
a lida terna, a rima substancial
haverá quem não receia tremer
diante da verdade interior?
vejo os pacóvios tentando esconder
as facetas internas, salutar pavor
das praças conclamo todas as gentes
aos bailes onde só há faces lisas
onde máscaras no ostracismo, entrementes
fulgorosos pensamentos cativa
os de pensar óbvio e raso, deixo-os esperar
como também os de pronto a concluir
convidados estão, oh amantes do indagar
a perscrutar os segredos que hão de vir
no clangor tempestuoso da revelia
quero só os de voz nula
ouvidos atentos, escuta em maestria
quero lá só os de alma nua
mas se o desfrute da erudição
ao tolo parece sedutor
deixo-o regurgitar ante todos a satisfação
de quem crê ser das coisas entendedor
Soares